Este ano de final oito já vinha carregado de muitas reminiscências históricas. Desde os duzentos anos da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil em 1808, até a conquista de nossa primeira copa do mundo, em 1958. E daria para respigar tantas outras datas com a marca deste número.
Mas eis que agora se acrescenta outra, que não entrava nos cálculos. Esta com ressonâncias históricas mais amplas. Trata-se do “ano paulino”, a se iniciar agora, no final deste mês de junho, até a festa de S. Pedro e S. Paulo no ano que vem.
Pois bem, pelas contas da história, S. Paulo, o famoso “Paulo de Tarso”, o grande apóstolo que sempre é citado ao lado de S. Pedro, teria nascido nas proximidades do ano oito de nossa era. Entre o sete e o dez. Para acertar na mira, a Igreja decidiu cravar um ano inteiro, da metade de 2008 até a metade de 2009. Em todo o caso, um ano dedicado à memória deste personagem fundamental nos primórdios do cristianismo, em que ele foi, sem sombra de dúvida, uma figura de destaque.
Agora que o “ano paulino” se apresenta, começamos a perceber os múltiplos aspectos deste personagem histórico, que despertam grande interesse na confrontação com o tempo em que estamos vivendo. Vai ser muito bom olhar mais de perto a estupenda trajetória deste judeu, nascido em Tarso, atual Turquia, formado na ortodoxia dos fariseus em Jerusalém aos pés do mestre Gamaliel, perseguidor dos cristãos nos tempos impetuosos de sua juventude, e de repente transformado em ardoroso e destemido Apóstolo de Jesus Cristo, de quem ele tinha pretendido apagar todos os vestígios de memória.
Foi tão importante sua atuação como pregador da nova fé, que indiscutivelmente resultou no seu maior sistematizador. Tanto que muitos historiadores o colocam como o verdadeiro fundador do “cristianismo”.
Este o Paulo que somos convidados a conhecer melhor ao longo deste ano. Oportunidades não vão faltar. Pois são muitos os motivos que estimulam os historiadores a pesquisarem melhor as circunstâncias que envolveram este homem que mudou radicalmente sua vida, mas nunca deixou de agir com extremada paixão.
Sua história serve, em primeiro lugar, para analisar o processo de sua conversão pessoal, com os preciosos ensinamentos que ela proporciona, num tempo de crise de subjetividade como vivemos hoje. São Paulo nos apresenta um testemunho impressionante de empenho pessoal em trabalhar seu temperamento, para se tornar instrumento mais adequado para cumprir a grande missão que o Senhor lhe confiou. Já valeria um “ano paulino”, só para analisar a trajetória pessoal de Paulo, e captar o comovente exemplo de dedicação total de sua vida à causa do Evangelho.
Mas a trajetória de Paulo tem evidentes conotações teológicas e eclesiais. Foi de todo providencial que a inteligência de Paulo tenha sido colocada a serviço do Evangelho. Mas não só sua inteligência. Sua condição étnica e cultural também. Nascido em Tarso, era cidadão romano, aberto ao vasto mundo do império da época. Ao mesmo tempo, se formou em Jerusalém, onde captou em profundidade a tradição religiosa de Israel. E se defrontou com a fé cristã no seu nascedouro.
Era a pessoa adequada para libertar esta fé das amarras estreitas do judaísmo, e colocá-la em confronto com a humanidade, à qual ela se destinava. S. Paulo foi o grande protagonista da inculturação do Evangelho no mundo greco-romano.
Aí está o seu mérito maior, e a sua grande atualidade. São Paulo é paradigma do maior desafio que hoje a Igreja está enfrentando. Captar o Evangelho na sua profundidade original, para colocá-lo de novo como fermento transformador da realidade de hoje.
E’mais do que oportuno este “ano paulino”! É um convite para alargar nossos horizontes, e perceber como as grandes causas da humanidade retornam com novos desafios, que precisam ser enfrentados com a grandeza de ânimo que sempre animou S. Paulo.
Dom Demétrio Valentini
Mas eis que agora se acrescenta outra, que não entrava nos cálculos. Esta com ressonâncias históricas mais amplas. Trata-se do “ano paulino”, a se iniciar agora, no final deste mês de junho, até a festa de S. Pedro e S. Paulo no ano que vem.
Pois bem, pelas contas da história, S. Paulo, o famoso “Paulo de Tarso”, o grande apóstolo que sempre é citado ao lado de S. Pedro, teria nascido nas proximidades do ano oito de nossa era. Entre o sete e o dez. Para acertar na mira, a Igreja decidiu cravar um ano inteiro, da metade de 2008 até a metade de 2009. Em todo o caso, um ano dedicado à memória deste personagem fundamental nos primórdios do cristianismo, em que ele foi, sem sombra de dúvida, uma figura de destaque.
Agora que o “ano paulino” se apresenta, começamos a perceber os múltiplos aspectos deste personagem histórico, que despertam grande interesse na confrontação com o tempo em que estamos vivendo. Vai ser muito bom olhar mais de perto a estupenda trajetória deste judeu, nascido em Tarso, atual Turquia, formado na ortodoxia dos fariseus em Jerusalém aos pés do mestre Gamaliel, perseguidor dos cristãos nos tempos impetuosos de sua juventude, e de repente transformado em ardoroso e destemido Apóstolo de Jesus Cristo, de quem ele tinha pretendido apagar todos os vestígios de memória.
Foi tão importante sua atuação como pregador da nova fé, que indiscutivelmente resultou no seu maior sistematizador. Tanto que muitos historiadores o colocam como o verdadeiro fundador do “cristianismo”.
Este o Paulo que somos convidados a conhecer melhor ao longo deste ano. Oportunidades não vão faltar. Pois são muitos os motivos que estimulam os historiadores a pesquisarem melhor as circunstâncias que envolveram este homem que mudou radicalmente sua vida, mas nunca deixou de agir com extremada paixão.
Sua história serve, em primeiro lugar, para analisar o processo de sua conversão pessoal, com os preciosos ensinamentos que ela proporciona, num tempo de crise de subjetividade como vivemos hoje. São Paulo nos apresenta um testemunho impressionante de empenho pessoal em trabalhar seu temperamento, para se tornar instrumento mais adequado para cumprir a grande missão que o Senhor lhe confiou. Já valeria um “ano paulino”, só para analisar a trajetória pessoal de Paulo, e captar o comovente exemplo de dedicação total de sua vida à causa do Evangelho.
Mas a trajetória de Paulo tem evidentes conotações teológicas e eclesiais. Foi de todo providencial que a inteligência de Paulo tenha sido colocada a serviço do Evangelho. Mas não só sua inteligência. Sua condição étnica e cultural também. Nascido em Tarso, era cidadão romano, aberto ao vasto mundo do império da época. Ao mesmo tempo, se formou em Jerusalém, onde captou em profundidade a tradição religiosa de Israel. E se defrontou com a fé cristã no seu nascedouro.
Era a pessoa adequada para libertar esta fé das amarras estreitas do judaísmo, e colocá-la em confronto com a humanidade, à qual ela se destinava. S. Paulo foi o grande protagonista da inculturação do Evangelho no mundo greco-romano.
Aí está o seu mérito maior, e a sua grande atualidade. São Paulo é paradigma do maior desafio que hoje a Igreja está enfrentando. Captar o Evangelho na sua profundidade original, para colocá-lo de novo como fermento transformador da realidade de hoje.
E’mais do que oportuno este “ano paulino”! É um convite para alargar nossos horizontes, e perceber como as grandes causas da humanidade retornam com novos desafios, que precisam ser enfrentados com a grandeza de ânimo que sempre animou S. Paulo.
Dom Demétrio Valentini
Fonte: CNBB